ESPANHOLIZAÇÃO ou competência e trabalho duro?

Dois gigantes brasileiros enfrentaram dívidas, crises e divisões internas para transformar sacrifício em soberania. E o resto do país, vai encarar?

Felipe Ximenes

11/3/20252 min ler

ESPANHOLIZAÇÃO ou competência e trabalho duro?

Dois gigantes brasileiros enfrentaram dívidas, crises e divisões internas para transformar sacrifício em soberania. E o resto do país, vai encarar?

Na última década, apaixonados pelo futebol brasileiro se acostumaram a assistir a uma disputa cada vez mais restrita. Flamengo e Palmeiras se alternam nas conquistas, protagonizam finais e dividem o topo das tabelas. Para alguns, esse domínio é o início da “espanholização” do nosso futebol. Para outros, é o resultado natural de um processo de gestão, governança e visão de longo prazo. A verdade é que a hegemonia de hoje foi construída com tempo, coragem e trabalho duro.

O caso do Palmeiras: o clube que se reinventou


A virada do porco tem nome e sobrenome: Paulo Nobre. Ao assumir a presidência do clube em 2013, Paulo tomou uma decisão rara no futebol brasileiro: empréstimo do próprio bolso recursos, com juros abaixo do mercado para salvar as finanças, reorganizar dívidas e devolver dignidade institucional. Enquanto isso, o Allianz Parque saía do papel, transformando o Palmeiras em um dos poucos clubes com estádio moderno e rentável.

Elegeu seu sucessor, Maurício Galiotte, que manteve a rota de estabilidade, com a inegável força financeira da Crefisa e de Leila Pereira, que ampliaram o investimento e consolidaram o modelo. No campo, a consistência das categorias de formação, sob a competente liderança de João Paulo Sampaio, e após a chegada de Abel Ferreira, a sala de troféus do palestra precisou ser reformada. O Palmeiras deixou de ser apenas um clube vencedor: virou uma organização sustentável, com governança, liderança e identidade.

O caso do Flamengo: Paciência, antifragilidade e ruptura


Em 2012, o grupo formado por Wallim Vasconcellos, BAP, Landim, Eduardo Bandeira, Cláudio Pracownik, entre outros, venceu a eleição no Flamengo com uma promessa simples e impopular: arrumar a casa para depois pensar em títulos. Foram anos de chacotas, críticas e ironias, enquanto o clube fazia o que quase ninguém tinha coragem: cortar gastos, pagar dívidas, investir em infraestrutura, fortalecer a marca e mudar o estatuto.

O consórcio com o Fluminense no Maracanã é um dos símbolos dessa reconstrução. Após sete anos, os frutos apareceram: superávit financeiro, títulos, valorização de ativos e protagonismo continental. O Flamengo se tornou a maior marca do futebol brasileiro e referência em gestão esportiva.